Nos últimos anos, duas coisas mudaram o jeito de fazer negócios e, sobretudo, vender: mobile e cloud. Para confirmar isso é só pensar um pouco em como compramos, nos transportamos, pagamos e recebemos: é tudo pelo celular.
Na última década, ao invés de pedir um táxi, pedimos um Uber; ao invés de ligar pra pizzaria, optamos pela facilidade dos aplicativos de delivery; e ao invés de comprar ou alugar filmes e séries, assinamos serviços lotados de títulos à distância de um clique.
Mas chegamos no ponto em que tudo isso é apenas o normal e, com isso, ficamos nos perguntando: o que vem depois?
E quem diria que a resposta viria de um aplicativo criado para crianças que depois se tornou um fenômeno, com dancinhas, trends e trivialidades do dia-a-dia?
O futuro não é necessariamente o TikTok, mas sim o que o tornou tão viciante e bem-sucedido: Inteligência Artificial.
A primeira onda das Inteligências Artificiais nessa nova década foi voltada para recomendações, como é o caso da For You Page, do TikTok. O conteúdo que aparece para os usuários do app são incrivelmente precisos, de acordo com o que cada um quer assistir. E isso é o grande trunfo da rede.
O que faz um vídeo viralizar no TikTok e aparecer para muito mais gente que os Reels, no Instagram, por exemplo? O algoritmo do aplicativo da ByteDance funciona de uma maneira muito interessante: primeiro o vídeo é mostrado para um grupo de pessoas e, de acordo com a taxa de retenção e engajamento (ou seja, se eles gostarem), ele é mostrado para mais e mais usuários.
Esse sistema não só avalia os vídeos, mas também seleciona o tipo de conteúdo que cada usuário assiste. Com isso, o TikTok não só sabe do que você gosta, mas do que você vai gostar, no futuro. A IA consome o que você consome, engaja com o que você engaja e prevê o que você vai gostar, te recomendando vídeos que poderiam ser escolhidos por você mesmo (se não fosse a primeira vez que você os vê).
Mas a questão principal aqui não é só a recomendação, é a recomendação sofisticada. Muitas vezes, quando você está lá descendo pela FYP, surge um vídeo diferente de tudo que você está assistindo, mas que de alguma maneira é exatamente o tipo de conteúdo que você nem sabia que queria consumir, mas agora vai.
Ok, mas como isso muda outros negócios? A melhor empresa para exemplificar a TikTokização das indústrias é a Shein. Um dos fatores que contribuem para o sucesso da marca é justamente o fato de que, a partir do seu comportamento dentro do aplicativo e dos produtos que você visualiza ou favorita, por exemplo, as recomendações de produtos começam a soar mais a sua cara. E as tendências que chegam até você são justamente aquelas que você ainda não utiliza, mas que você pode passar a consumir.
Para você ter uma ideia de como esse modelo de negócio funciona, por muito tempo a Shein foi comparada com a Zara (apesar de mais barata) no que diz respeito às tendências de fast fashion, porém a Shein teve 100% de Growth por 8 anos consecutivos, tirou a Amazon do primeiro lugar dos aplicativos de compras online nos EUA e coloca 8.000 novos itens na loja todos os dias, diferente da Zara que disponibiliza 500 por semana. A quantidade de produtos e de vendas é impressionante, e as recomendações sofisticadas têm um papel gigantesco nisso: a Shein antecipa o que você quer vestir e é para o comércio o que a Bytedance é para a disseminação de conteúdo.
A tendência é que os aplicativos de relacionamentos, imóveis, trabalho, delivery e compras em geral embarquem na onda da AI e das recomendações sofisticadas: o match perfeito no Tinder e a vaga ideal no LinkedIn podem ser possíveis!
Depois da fase de recomendações, para onde a IA vai nos levar? Nos últimos meses, choveu novas ferramentas de IA generativa, como os de text-to-image, e aparentemente, isso é só o começo: a nova década já é baseada em Inteligência Artificial e o futuro é um oceano de possibilidades.
Esse texto foi baseado em uma thread do Twitter, do escritor e criador Rex Woodbury (@rex_woodbury).
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